Quase cinco meses após conseguir aprovar o processo de impeachment de Dilma Rousseff na condição de todo-poderoso presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sofreu às 23h50 de ontem a maior derrota da sua trajetória política: acabou cassado por 450 votos a favor e apenas 10 contrários, com nove abstenções. Acusado de ter mentido à CPI da Petrobras ao dizer que não tinha conta no exterior e alvo de um processo por quebra de decoro parlamentar que durou pouco mais de 10 meses, o mais longo da história do Conselho de Ética, Cunha acompanhou a votação em plenário e saiu atirando contra o Planalto. “Eu culpo o governo, que se aliou ao PT, para eleger um presidente da Câmara (Rodrigo Maia, do DEM-RJ) com uma única missão: cassar o meu mandato”, acusou Cunha.
O agora ex-deputado, que está inelegível até 2027, prometeu escrever um livro contanto todos os bastidores do impeachment de Dilma Rousseff, incluindo conversas com diversos agentes públicos e políticos. Negou que vá fazer delação premiada, como tem sido ventilado, há tempos, por aliados. “Só faz delação quem é criminoso e eu não cometi crime nenhum.” Cunha citou nominalmente o secretário do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), Moreira Franco, como um dos seus desafetos. “Ele é sogro de Rodrigo Maia”, lembrou. Questionado se era uma ameaça ao Planalto, o peemedebista foi lacônico. “Eu não sou homem de fazer ameaças veladas”, pontuou. Rodrigo Maia não participou da votação, conforme previsto no Artigo 17 do Regimento Interno da Câmara.
Correio Braziliense




